A verdade está nas ruas

John le Carré é autor de uma frase de conteúdo inspirador,

é ele quem diz: “uma escrivaninha é um lugar muito perigoso

de onde se ver o mundo”.

 

Considero essa frase um verdadeiro alerta a todos aqueles que

precisam se manter conectados com o mercado e as demandas

de seus clientes. Em épocas difíceis, como a que estamos vivendo,

em que precisamos aumentar a capacidade competitiva e disputar

a atenção e o bolso das pessoas esse alerta ganha ainda mais

peso na gestão dos negócios.

 

Com as transformações aceleradas que estão nos influenciando, novos

comportamentos foram incorporados, novos formatos de comercialização estão ganhando preferência, novos canais de compra foram adotados movimentando

valores cada vez mais significativos. Concorrentes que não existiam,

inclusive em categorias que nem poderíamos imaginar, são novos players que

chegam para oferecer propostas tentadoras e muitas vezes mais

modernas e convenientes.

 

O problema é que essas mudanças não mandam aviso prévio ou

mensagem para o nosso e-mail e quando nos damos conta fomos atropelados

por uma nova realidade que não dominamos.

 

A mesa de trabalho é um lugar perigoso de onde se ver o mundo, porque é

cômoda e confortável, mas não é lá que as coisas realmente acontecem.

A verdade está nas ruas, no ponto-de-venda, a realidade está na boca

de quem compra, na atitude de quem vende. É lá fora que a marca

existe de fato, que o produto ou serviço se põe a prova, é lá que

o mundo acontece.

 

Por essa razão não podemos nos satisfazer somente com os dados

de pesquisas, com o relato da área comercial, com o que as pessoas

estão falando nas redes sociais, precisamos ir nós mesmos à rua e colher

uma verdade de primeira mão.

 

Em seu livro “Vencendo a Crise” Tom Peters e Robert Waterman,

chamam de “Torre de Marfim Analítica” a tendência de formar juízo

sem um contato direto com o dia a dia do mercado.

Segundo esses mesmos autores, um diagrama organizacional não é

uma empresa assim como um novo plano estratégico não constitui

por si só uma resposta as necessidades de qualquer negócio.

 

É gastando sola de sapato, estando fisicamente presente e usando

de sensibilidade que iremos ver e ouvir coisas que, de outra forma, jamais

chegariam até nós.

Ainda não inventaram uma forma melhor de saber o que está

acontecendo na realidade do que sair do conforto e da proteção das nossas mesas.

  

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