Primeiro a gente decide, depois a gente explica.
Eu tenho um amigo com quem eu costumava correr no clube e notei
que ele usava um relógio enorme.
Eu evitei o quanto pude falar sobre o relógio, mas a visão daquele objeto
era tão perturbadora que não resisti ao meu espírito curioso.
Quando questionei o meu amigo sobre o seu incomum relógio, ele feliz
e orgulhoso me explicou que era projetado para a prática de mergulho
em profundidade, suportava altas pressões e tinha um cem número
de features de alta tecnologia.
Após toda aquela aula sobre o relógio, eu surpreso disse que não sabia
que ele mergulhava e para minha surpresa ainda maior ele respondeu
que de fato nunca havia mergulhado. A partir daquele dia nunca mais
voltei ao assunto, mas notei que antes de entrar na ducha no vestiário
do clube ele cuidadosamente tirava o relógio.
Por que razão alguém que nunca mergulhou gasta alguns milhares
de reais para comprar um relógio feito para essa finalidade?
A resposta é que as nossas decisões, nossas escolhas e preferências
não tem nada de racional, somos animais movidos pela emoção.
O ser humano já vem de fábrica com um dispositivo que nos faz ir
em busca do prazer e a fugir de tudo o que gera desprazer.
Esse princípio estará presente por toda a nossa existência, vamos
optar por tudo o que nos gera gratificação emocional.
O funcionamento é simples: queremos ser modernos? Nossas
escolhas serão sempre a favor de marcas, produtos, profissões, amigos,
lugares, que preencham essa carência.
Temos em nossa matriz psicológica o desejo de ser uma pessoa despojada,
ou bem-sucedida, ou aventureira, ou ainda tradicional? É nessa direção
que nossas escolhas irão acontecer.
Depois que a gente já decidiu a gente racionaliza, inventando um monte
de razões objetivas para justificar aquele ato injustificável.