Navegar é preciso
Os oceanos são os caminhos, as estradas, que possibilitaram ao ser humano expandir a sua presença, o seu conhecimento e a sua imaginação.
Não seria de outra forma, quando consideramos que os oceanos ocupam aproximadamente 70% do globo terrestre.
A origem da vida, do ponto de vista da ciência, ou do Divino, não poderia ser contada sem os oceanos. Na teoria de Aleksandr Oparin, ou no livro do Gênesis, os oceanos são elemento primordial.
Os oceanos exercem um fascínio que captura o espírito da descoberta de “novos mundos” da natural curiosidade que nos habita, do desejo de explorar o desconhecido. É por meio dos oceanos que a narrativa da nossa trajetória, seja pela voz da racionalidade, das religiões, ou das artes, vem sendo relatada.
Navegar é preciso.
Os oceanos são como um chamamento, ao qual não se pode resistir. À aventura, a realização de feitos heroicos, a busca por novos horizontes, novas culturas.
Nos lançamos ao mar, redesenhando as fronteiras do possível e da nossa visão de mundo.
Navegantes somos ousados, navegantes somos curiosos, navegantes somos ambiciosos, navegantes somos sonhadores.
Marco Polo, Colombo, Cabral, Fernão de Magalhães, Vasco da Gama, Vespúcio, desenham novas rotas, escrevem seus nomes nas águas e na história.
Com Homero somos inspirados pela obstinação de Ulisses em a Odisseia, vivenciamos a força da natureza com Melville e Moby Dick, Verne nos leva a profundidades abissais do mar e da nossa imaginação em10.000 Léguas Submarinas, enquanto Hemingway faz de nós passageiros do mesmo barco que Santiago, o protagonista de O Velho e o Mar.
A bordo do Beagle, Darwin navega em direção a sua obra transformadora, A
Evolução das Espécies.
Profundos, dinâmicos, fortes, desconhecidos, ricos, imprevisíveis, promissores, desafiadores, poderosos, provedores, incontroláveis, belos. Os oceanos ao mesmo tempo em que nos despertam o ímpeto a ação, nos levam a contemplação e reflexão.
Quando nos jogamos ao mar experimentamos uma sensação de renovação e vigor, como se contivéssemos em nós mesmos o próprio oceano.
Uma força a nos chamar a ser cada um de nós um navegante.
“Navegar é preciso, viver não é preciso” – máxima atribuída ao general Pompeu, século I aC e imortalizada por Fernando Pessoa.